sexta-feira, 18 de julho de 2014

Dieta vegetariana para crianças

Quando se pensa em impor uma dieta diferenciada para uma criança, seja por motivos culturais, filosóficos ou religiosos, é preciso levar em consideração, como prioridade máxima, sua saúde e seu crescimento. De uma forma geral, a Professora Thayse Hanne Câmara Ribeiro, do Departamento de Nutrição da UFRN, alerta para o uso aleatório de dietas não usuais: elas podem causar sérios danos à saúde como, por exemplo, deficiência de vitaminas e minerais nas principais funções do organismo, baixa ingestão de calorias ocasionando um déficit de crescimento em crianças e adolescentes, restrição hídrica que pode favorecer disfunção renal. Sendo assim, a utilização destas correntes alimentares deve passar por reflexões sérias e contar com o auxílio de um profissional de nutrição. O nutricionista deve considerar todos os fatores relacionados, inclusive os valores religiosos e simbólicos atribuídos aos alimentos, e não deve esquecer que seu papel fundamental é orientar os indivíduos quanto à seleção de alimentos, bem como de enfatizar as consequências da exclusão ou supervalorização de determinados nutrientes. A dieta vegetariana não escapa destas regras.
De acordo com o Professor do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UNESP, Roberto Carlos Burini, que realizou uma pesquisa sobre nutrição há alguns anos, "o vegetarianismo, quando na sua forma mais restrita, é absolutamente não recomendado para crianças, tratando-se de uma dieta incompatível com as necessidades de qualquer pessoa em desenvolvimento", alerta, acrescentando que a restrição completa de produtos animais pode ser ainda prejudicial para o feto, quando praticada pela gestante. O professor é taxativo em dizer que uma dieta alimentar que não inclua qualquer fonte de proteínas animais pode ser até mesmo catastrófica para uma criança e mesmo para um adolescente, causando retardo no crescimento, alterações funcionais graves de vários órgãos, como o intestino, deficiência imunológica, anemia e até infertilidade. "É uma irresponsabilidade submeter uma criança a uma dieta como a vegana", diz. Na opção por uma dieta vegetariana para a infância, ele recomenda que se escolha a menos restritiva, a lacto-ovo-vegetariana, mas ainda assim sugere uma visita a um nutricionista para informar-se das quantidades recomendadas como seguras para o desenvolvimento normal da criança.
Apesar das dietas pobres em gordura e colesterol serem amplamente recomendadas aos adultos, elas não são apropriadas para crianças abaixo dos dois anos de idade. "Crianças não são adultos pequenos", diz o Dietary Guidelines for Infants. As exigências nutricionais são maiores durante a infância do que durante qualquer outro período. Ao mesmo tempo, a capacidade do estômago é limitada, assim as fontes de alimentos devem proporcionar calorias e nutrientes suficientes em um pequeno volume. As crianças necessitam de gordura em suas dietas para o crescimento e desenvolvimento normal, assim como precisam de ferro, cálcio, magnésio e zinco, presentes em frutas, vegetais e grãos. Não se deve exagerar nos alimentos ricos em fibras, porque são pobres em calorias e interferem na absorção destes nutrientes.
A restrição total de alimentos de origem animal também causa deficiências de riboflavina, cálcio, ferro e aminoácidos essenciais, como lisina e metionina. "Crianças, especialmente, quando não expostas à luz do sol, correm também o risco de deficiência de vitamina D, que pode causar raquitismo secundário", explicam os órgãos internacionais, que explicam ainda que a falta de zinco pode ocorrer em veganos porque o ácido fítico em grãos integrais liga-se ao zinco, e há pouco zinco em frutas e vegetais. Além disso, níveis baixos de ferritina no sangue foram encontradas também em adeptos da dieta lacto-ovo-vegetariana, esclarece o Comitê, acrescentando que, em mulheres, a concentração deste déficit é cinco vezes maior.
Segundo estes organismos internacionais, tem sido notado emagrecimento excessivo e/ou retardo no crescimento entre bebês e crianças vegetarianas e veganas após o desmame, o que denuncia, especialmente nas dietas veganas, a também perigosa baixa ingestão de calorias, especialmente durante as fases iniciais da infância. Se as necessidades energéticas não são satisfeitas, as proteínas do corpo são quebradas para produção de energia e isto cria problemas adicionais. Por este motivo, a ingestão adequada de energia deveria ser a consideração principal no planejamento dietético vegan.
Concluindo, o vegetarianismo baseado em princípios sólidos de nutrição pode até ser uma escolha saudável, mas não é a única. Benefícios similares à saúde podem ser obtidos também em dietas onívoras bem selecionadas. Em qualquer hipótese, quando falamos de crianças, a opção mais saudável é aquela que inclui a maior variedade de alimentos, não apresentando nenhuma restrição. Vegetarianos com problemas especiais de saúde podem precisar de ajuda especializada. 

Fontes:
http://www.boasaude.com.br/blogboasaude/
http://www.pediatriaemfoco.com.br/posts.php?cod=244&cat=12
 eHealth Latin America

7 comentários:

  1. É importante notar que as dietas vegetariana precisam ser bem mais assistidas e precisam receber bem mais atenção do que a dieta onívora.Deve-se incluir alimentos vegetais com alta densidade calórica, como noz, grão, feijão seco e frutos secos e alimentos vegetais ricos em proteínas com padrões de aminoácidos complementares. O problema é que nem sempre os pais procuram ajuda especializada na definição da dieta de seus filhos.

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  2. Acho que ainda há muito preconceito acerca da dieta vegetariana, em especial, da dieta para as crianças. No Brasil, por exemplo, pode-se achar que o não consumo de carne não consegue garantir o sustento e o crescimento da criança uma vez que a população brasileira consome bastante carne. Mas, quando bem planejada, não é isso que ocorre na dieta. Existem fontes vegetais para os nutrientes que a criança vai precisar (proteína, vitaminas, carboidratos...), basta que haja um planejamento. O problema está que muitas pessoas não buscam entender o vegetarianismo.

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  3. Quando vai se habituar uma criança a uma dieta vegetariana, os pais que assim decidirem devem estar sempre seguindo as orientações de um nutricionista. Uma dieta vegetariana que supra as necessidades básicas de uma pessoa, mesmo que este ainda esteja em fase de desenvolvimento, é possível, uma vez que existe uma variedade de alimentos de origem vegetal que possuem quantidades satisfatórias de proteínas, carboidratos e lipídeos. Evidente que há exceções quanto às necessidades e quantidades de algumas biomoléculas importantes, e essas exceções devem ser administradas de forma correta pelos profissionais de saúde e vistas de forma mais atenciosa pelos pais do “pequeno vegetarianinho”. Uma delas, como disse a postagem é a baixa ingestão de vitamina B2, ou riboflavina, importante para os mecanismos de obtenção de energia, pois vai produzir o FAD (Flavina Adenina Dinucleotídeo), importante coenzima que vai assimilar prótons e redirecioná-los para a produção de ATP e armazenamento de energia.

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  4. O que me chamou a atenção nessa postagem foi a imagem ilustrando uma família vegetariana. Essa imagem, na realidade, retrata o preconceito da sociedade em relação aos vegetarianos, pois muitas pessoas acreditam que ser vegetariano é comer apenas folhas, vegetais crus e suco, entretanto, a realidade não é essa: uma dieta vegetariana pode ser sim rica em proteínas e carboidratos em quantidades suficientes para o crescimento do indivíduo. Castanhas, nozes e outros similares são fontes de lipídeos e proteínas, feijão e outras leguminosas são fontes de proteína e ferro... De qualquer forma o grande problema se encontra no fato que vegetarianos, no geral, precisam comer mais para atingir a cota nutricional diária, o que é difícil de ser obtido em crianças, que geralmente são instáveis e às vezes ''botam banca'' para comer.

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  5. É comum encontrar pessoas que se dizem vegetarianas mas que, na verdade não consomem carne e também não tem o hábito de consumir vegetais. Para ser vegetariano é necessário que haja um bom consumo de vegetais, sob forma de verduras, frutas, legumes e cereais integrais pois todos esses alimentos contém substâncias chamadas fitoquímicos, que farão toda a diferença no metabolismo. A oferta aumentada de fibras favorece o funcionamento do intestino, a desintoxicação hepática, a saciedade, o melhor controle da glicose e da insulina, além de diminuir a sobrecarga renal, aliviando o trabalho dos rins. Como a oferta de nutrientes é maior nesses alimentos, a disposição melhora bastante, assim como a qualidade do sono. É importante não impor, mas sim, expor as características de cada hábito alimentar, a fim de que a criança, conhecendo as reais dietas, possa escolher a sua.

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  6. Segundo a Associação Americana de Dietética e de Nutricionistas do Canadá, as dietas vegetarinas e veganas bem planeadas são adequadas a todos os ciclos de vida, incluindo a gravidez e a amamentação, satisfazendo as necessidades nutricionais das crianças e adolescentes e promovendo o crescimento normal. As grávidas e as crianças não têm problemas de saúde seguindo uma alimentação vegetariana ou vegana.

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  7. É importante frisar que o vegetarianismo, quando na sua forma mais restrita, é absolutamente não recomendado para crianças, tratando-se de uma dieta incompatível com as necessidades de qualquer pessoa em desenvolvimento, além do que a restrição completa de produtos animais pode ser ainda prejudicial para o feto, quando praticada pela gestante.Também, uma dieta alimentar que não inclua qualquer fonte de proteínas animais pode ser até mesmo catastrófica para uma criança e mesmo para um adolescente, causando retardo no crescimento, alterações funcionais graves de vários órgãos, como o intestino, deficiência imunológica, anemia e até infertilidade.

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